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Ana Prestes Brasil

*Notas Internacionais (por Ana Prestes) – 05/08/20 – especial Líbano*

- O *Líbano viveu uma tragédia ontem, 4 de agosto*. Eram seis da tarde no país quando uma série de pequenas explosões, seguidas de uma grande explosão, incendiaram o porto da capital, Beirute. Ainda não há um número preciso de mortos, mas toda a imprensa internacional tem divulgado que gira em torno de 100 e ainda vai passar, pois há muitas pessoas soterradas. 

- O número de *feridos está na casa dos 4 mil e de desalojados em 300 mil*. Segundo sismólogos libaneses e alemães, a magnitude do impacto foi equivalente a um terremoto de 3.5 na escala Richter. A explosão repercutiu em toda a capital, chegando a causar danos em locais distantes do epicentro, como o aeroporto internacional que está a 9 km do local e teve janelas quebradas. 

- Pelo menos três hospitais foram danificados e pacientes precisaram ser transferidos. Há notícias de que enfermeiras morreram em serviço. *Toda a infraestrutura portuária foi destruída* e é por ali que o país recebe, armazena e exporta a grande maioria de seus produtos, como grãos, gás, medicamentos. Um grande galpão com toneladas de grãos foi totalmente destruído. Ao vistoriar a tragédia, o prefeito Jamal Itani descreveu a cidade como uma zona de guerra e disse que a reconstrução custará bilhões. Calcula-se um prejuízo material entre 3 e 5 bilhões de dólares. 

- O Governador da região metropolitana de Beirute, Marwan Abboud, anunciou que o governo está trabalhando para *prover água, comida e abrigo para os desalojados*. O Primeiro Ministro Hassan Diab convocou um dia de orações para hoje (5) e o presidente do país, Michel Aoun, convocou a reunião de um gabinete de crise para hoje e pode declarar estado de emergência por duas semanas. 

- Os *países do golfo foram os primeiros a se solidarizar e o Catar enviou hospitais de campanha* para aliviar um sistema hospitalar já sobrecarregado anteriormente. Austrália, que ajudou com 2 milhões de dólares, Irã, Índia, e França também estão entre os primeiros a prestar solidariedade, com envio de suprimentos médico-hospitalares e recursos financeiros. 

- O presidente francês Emmanuel *Macron anunciou que viajará a Beirute* acompanhado de especialistas em resgate e ajuda humanitária. Também a União Europeia vai enviar especialistas em incêndios e soterramentos, com veículos, cães e equipamentos para localização de vítimas soterradas.
 
- As causas da explosão ainda não estão esclarecidas. A princípio houve comentários sobre um depósito de fogos de artifício, mas *investigações iniciais têm ligado a explosão a um estoque de 2750 toneladas de nitrato de amônia* (geralmente usado como fertilizante) confiscado e guardado em um galpão na região portuária há seis anos. Por decisão judicial, o material já deveria ter sido exportado ou removido. Há no país um burburinho de omissão e negligência das autoridades públicas quanto ao armazenamento desse material.

- *Funcionários do porto serão colocados em prisão domiciliar* até o fim das investigações. Segundo notícias da Reuters, serão detidos funcionários que trabalham no setor de armazenamento desde 2014. 

- Países como EUA e Israel, não oficialmente, mas via imprensa, *já plantaram notícias de que a explosão pode ter sido provocada pelo Hezbollah*. A tv americana Fox News, chegou ao absurdo de dar uma manchete dizendo que “Explosões em Beirute parecem acidentais, mas as atividades do Hezbollah no porto estão sob escrutínio – o porto é conhecido por estar sob controle não oficial do Hezbollah”.

- Por sua vez, o grupo *Hezbollah soltou uma nota dizendo que “a trágica catástrofe não tem precedentes* e sua devastação tem sérias consequências em vários níveis e exigirá de todos os libaneses e das forças políticas e atores nacionais solidariedade, unidade e ação conjunta para superar os efeitos dessa provação cruel”. 

- Antes da explosão, o *Líbano já vivia uma grave crise política, econômica e sanitária*, com a pandemia do novo coronavírus. O final de 2019 e início de 2020 foram de grandes manifestações populares e troca de primeiro ministro. Lembre-se que o poder no Líbano é dividido entre as principais religiões, sendo o presidente cristão maronita, o primeiro ministro muçulmano sunita e o presidente do parlamento muçulmano xiita.

- Um dia antes da explosão, no dia 3 de agosto, o *ministro de relações exteriores do país, Nassif Hitti, havia renunciado* alegando uma grande crise de governança no país. Em sua carta de renúncia, ele também acusou o governo de se afastar demais dos países árabes e se aproximar muito do Irã. 

- Também dias antes da explosão, o *primeiro ministro libanês, Hassan Diab, havia se pronunciado diante da elevação da tensão entre Israel e o Hezbollah*, dizendo estar havendo violação da soberania libanesa por parte de Israel no sul do país, região que faz fronteira com o norte de Israel e está bastante tensa nas últimas semanas.

- A *embaixada do Brasil em Beirute também sofreu as consequências da explosão*. Apesar de estar distante do local da explosão, a cerca de 3 km, os vidros da embaixada foram destruídos, mas ninguém foi ferido, pois já não havia mais expediente no local. As casas dos diplomatas também foram atingidas. Segundo a coluna do Jamil Chade, a casa do diplomata brasileiro, Roberto Salone, sofreu danos severos e está destruída. Segundo os moradores, as janelas explodiram e as portas “voaram”. Em outra residência, mas de adido militar brasileiro, também houve danos nas janelas que chegaram a atingir a esposa do oficial, que foi atendida e passa bem.

- O *Brasil faz parte da Força Tarefa Marítima (FTM) da Missão da ONU no Líbano – UNIFIL* – Força Interina das Nações Unidas no Líbano. Militares brasileiros vivem na região. Segundo a Marinha brasileira, a Fragata Independência que faz parte da força tarefa encontrava-se ontem patrulhando a região conhecida como Área de Operações Marítimas a uma distância de 15 km do porto de Beirute e chegou a se aproximar do porto em horário próximo da explosão, mas nenhum militar brasileiro foi ferido e também a embarcação não sofreu danos. 

- Tanto o governo brasileiro, como organizações da sociedade civil, autoridades, artistas e a população brasileira em geral, manifestaram sua *solidariedade ao povo libanês neste momento difícil*.



Notas internacionais (por Ana Prestes) – 18/06/20

- Aconteceu no dia de ontem (17) um debate organizado pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU sobre racismo, brutalidade policial e violência contra manifestantes, ensejado pelo assassinato do norte-americano negro George Floyd por um policial branco nos EUA. A Alta Comissária da ONU para Direitos Humanos, Michelle Bachelet, se referiu ao assassinato como “um ato de brutalidade gratuita”, parte do “racismo sistêmico que prejudica milhões de pessoas de origem africana”. Segundo ela, é preciso combater “a herança do tráfico de escravos e do colonialismo”. O irmão de George Floyd, Philonise, participou da webconferência por vídeo e pediu à ONU “ajuda para os americanos negros” com a criação de uma comissão de investigação independente sobre a violência policial contra os afro-americanos, proposta feita por vários países africanos. No entanto, nos bastidores, os EUA, que estão fora do CDH, fizeram muita pressão para retirar a menção a esta comissão do documento final da reunião que será votado hoje (18). A delegação brasileira na ONU foi uma das que atuou no sentido de proteger Trump de um documento mais duro por parte do CDH da ONU. Segundo a coluna do jornalista Jamil Chade, que vive em Genebra e sempre acompanha os bastidores da ONU, a representação do Itamaraty “não dirigiu sequer uma palavra de apoio à família da vítima e não citou os protestos pelas ruas em todo o mundo”, mas fez questão de enfatizar o importante “papel da polícia”. A delegação brasileira também se posicionou de forma contrária à criação de uma comissão de inquérito internacional para investigar os crimes cometidos nos EUA e outros países com situações semelhantes. Segundo a embaixadora do Brasil na ONU, Maria Nazareth Farani Azevedo, “o racismo não é exclusivo a nenhuma região específica”.

- Nos EUA, o ex-policial branco que matou no final de semana passada, em Atlanta, com dois tiros pelas costas o norte-americano negro Raysahrd Brooks recebeu ontem (17) 11 acusações, inclusive homicídio culposo, com intenção de matar. Se for considerado culpado poderá pegar prisão perpétua ou até pena de morte, que ainda é praticada no estado da Georgia. Vídeos mostram que mesmo após Brooks estar baleado, o então policial o chutou, demonstrando que não se tratava de legítima defesa. Os policiais envolvidos também recolheram várias balas no chão antes de prestar socorro a Brooks. O fato se deu no estacionamento de uma lanchonete, que foi incendiada mais tarde por manifestantes. O caso Brooks impulsionou ainda mais os protestos anti racistas nos EUA que já duram quase um mês.

- Um livro escrito pelo ex-assessor especial de segurança nacional da Casa Branca, John Bolton, anda agitando a cena política nos EUA. Bolton é um típico belicista norte-americano, tendo participado dos governos de Reagan, Bush pai e Bush filho. É um dos responsáveis pela Guerra do Iraque no começo do século, tendo “convencido” a comunidade internacional que havia armas químicas de destruição em massa no país, algo que se revelou falso mais tarde. Durante o governo Trump propôs ataques à Coreia do Norte, ao Irã e à Venezuela. É famosa uma frase dele de 1994: “não existe Nações Unidas”. Anos depois, foi embaixador dos EUA na ONU nomeado por Bush filho. Com esse currículo, não é estranho que Trump o tenha escolhido para ser assessor até que sua presença no governo ficasse inconveniente. Isso se deu pelo fato de Bolton ter presenciado a conversa de Trump com o presidente ucraniano Zelensky em que foi dada uma condicionante para que a Ucrânia recebesse ajuda financeira dos EUA. A condição era uma investigação que ajudasse a atingir Joe Biden, rival democrata. Um processo de impeachment de Trump foi aberto por conta desse caso. Bolton não chegou a depor sobre “o que sabia” no Senado durante o processo de impeachment, simplesmente porque o Senado não ouviu ninguém. O livro “The Room Where it Happened” de 577 páginas será lançado nos próximos dias e parece trazer revelações sobre outras práticas impublicáveis de Trump, todas calculadas para se manter no poder. Algumas engraçadas, como as perguntas de Trump se a Finlândia era parte da Rússia e se o Reino Unido tinha armas nucleares e outras mais séria como os pedidos para Xi Jinping ajudar em sua reeleição, pois os “democratas não gostam da China”.

- O Chile viu a pandemia do novo coronavírus ampliar seu alcance no país nas últimas semanas. O governo Piñera, com aval do Congresso, resolveu endurecer e adotar medidas de tolerância zero para quem descumprir a quarentena. Isso inclui multas e até penas de até 5 anos de detenção para quem der festas ou fizer shows, por exemplo. Movimentos sociais e setores democráticos temem que as medidas sirvam de justificativa para repressão da oposição ao governo Piñera. Segundo a subsecretária do interior do governo, Katherine Martorell, “as pessoas só poderão sair duas vezes por semana para realizar procedimentos essenciais e excepcionais”. O Chile é hoje o 9º. país do mundo no ranking da pandemia.

- A prisão de uma enfermeira em protestos na França no último dia 16 provocou uma forte reação da oposição a Macron no país. Cerca de 10 policiais prenderam de forma brutal a enfermeira Farida, uma mulher de 50 anos, que nos últimos três meses trabalhou entre 12 e 14 horas, segundo seu filho. Ela teve a Covid-19 e estava se manifestando por melhora nas condições de trabalho, aumento de salário e reconhecimento do seu trabalho. No vídeo que mostra a prisão, Farida tentava recuperar seu inalador, por ser asmática e tinha as roupas rasgadas. Vários protestos ocorreram nesse dia na França puxados por profissionais da área da saúde, em Paris, Nantes, Lyon e outras cidades. Várias terminaram com repressão policial.

- O presidente chinês, Xi Jinping, anunciou ontem (17) que a China vai perdoar os juros da dívida de alguns países africanos que estejam para vencer até o final de 2020. Prometeu ainda maior apoio aos países africanos mais afetados pela pandemia do coronavirus. O anúncio foi feito durante a Cúpula China-África de Solidariedade contra a Pandemia da Covid-19 que ocorreu por videoconferência. O presidente chinês instou ainda os demais países do G20 a fazerem o mesmo. Durante a cúpula foi lançada também a Plataforma de Compras de Material Médico da União Africana (hoje presidida pela África do Sul) que visa proporcionar acesso a materiais e equipamentos médicos necessários ao combate da pandemia.

- O primeiro ministro da Índia, Narendra Modi, falou para a rede de televisão do país sobre os 20 soldados indianos mortos na fronteira com a China em Ladakh, região do Himalaia. Segundo ele, “as mortes não serão em vão”. Já as autoridades chinesas dizem não querer conflito. Nas palavras do porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Zhao Lijian, “no que diz respeito a China, não queremos ver mais confrontos com a Índia”. Em maio deste ano, o jornalista Pepe Escobar já havia falado da iminência de um choque entre as duas potências nesta fronteira. Em seu artigo, Pepe dizia que “seria contraprodutivo para a Índia e a China, ambas membros do BRICS e da Organização de Cooperação de Xangai, irem às vias de fato por causa de alguns passos de montanha gelados e extremamente remotos (...) mas quando olhamos para a Linha de Controle Real de 3488 quilômetros de extensão, que a Índia define como ‘não-resolvida’, essa possibilidade não pode ser afastada de todo". Na região passa uma rodovia que vai do Tibet até o sudoeste da província de Xinjiang que entrecruza o corredor econômico China-Paquistão, como parte da iniciativa Cinturão e Rota chinesa. Um pedacinho intrincado do mundo entre três potências nucleares: China, Índia e Paquistão. No atual conflito tanto a Índia, como a China, reclamam de invasão das linhas demarcatórias da fronteira. Ano passado, o consultor em Segurança Nacional da Índia, Ajit Doval, e o ministro das relações exteriores da China, Wang Yi, se encontraram para tratar a questão, mas parece não ter dado muito certo por enquanto.

- Outro conflito, entre as duas Coreias, também segue se aprofundando depois da explosão de um edifício de escritórios que abrigava as reuniões de autoridades negociadoras dos dois países. Segundo a agência norte-coreana KCNA, Kim Yo Jong, irmã do líder Kim Jong-un rejeitou um aceno por parte de Seul de enviar negociadores. Houve reação de Seul. A nova crise foi motivada por envio de panfletos apócrifos provocadores do Sul para o Norte.




 Notas internacionais (por Ana Prestes) – 17/06/20

- O BID, Banco Interamericano de Desenvolvimento, é presidido há 15 anos por um colombiano, Luis Alberto Moreno. Seu mandato está terminando e após seguidas reeleições (os mandatos são de cinco anos) não pretende renovar seu mandato em setembro de 2020. O governo brasileiro, via Paulo Guedes, vem trabalhando na candidatura de um brasileiro, Rodrigo Xavier, ex-presidente do Bank of America no Brasil, para rivalizar com o candidato argentino e assumir o posto. O Brasil já havia inclusive avisado o Secretário do Tesouro dos EUA, Steven Mnuchin, da candidatura. Argentina e México estão trabalhando na candidatura de Gustavo Beliz, argentino e atual Secretário de Assuntos Estratégicos do governo de Fernández. A tradição (desde a fundação em 1959) é uma rotação da presidência entre os países latino-americanos e os EUA ficam de fora da presidência por serem os maiores acionistas e sede do banco em Washington. Esta semana, no entanto, os EUA anunciaram que querem o posto para Mauricio Claver-Carone, atual diretor sênior do Conselho de Segurança Nacional para Assuntos do Hemisfério Ocidental dos EUA. Um cubano-americano conhecido por sua linha dura com relação a Cuba, Venezuela e Nicarágua. Recentemente, durante a posse presidencial de Alberto Fernández na Argentina, ele se retirou do evento antes de seu desfecho como forma de “protesto” por conta da presença de um representante do governo da Venezuela e de Rafael Correa, ex-presidente do Equador. Claver-Carone tem se dedicado, ao longo do governo Trump, a estrangular a Venezuela economicamente. Agora vai ganhar um prêmio.

- O ministro da Economia da Argentina, Martín Guzmán, deu uma entrevista à Folha de São Paulo. Atualmente ele tem a missão de administrar uma dívida herdada do governo Macri que está na casa dos 65 bilhões de dólares. Uma parcela de 503 milhões venceu no final de maio e ele conseguiu uma nova ampliação do prazo de pagamento. Até agora, nenhum credor declarou a Argentina em moratória. Na entrevista, ele fala da importância de uma aproximação do Brasil e que desde o início do governo (dezembro de 2019) ainda não teve a chance de conversar com o ministro brasileiro Paulo Guedes, a não ser em fóruns comuns. Sobre o acordo do Mercosul com a União Europeia, ele diz que a negociação foi feita “sem transparência e sem legitimidade com relação à sociedade”. Segundo ele, o Mercosul deveria ser mais que um acordo econômico, mas também fonte de intercâmbio cultural e social. Ele discorre ainda sobre os erros econômicos do governo Macri e como tem se dado a relação com o FMI e os maiores credores da dívida.

- Ainda sobre o Mercosul e o acordo com a União Europeia, cinco ONGs pediram à Defensora Pública Europeia, Emily O’Reilly, que suspenda o processo de ratificação do acordo. São elas: Federação Internacional dos Direitos Humanos, ClientEarth, Instituto Veblen, Fern e Fundação Nicolas Hulot. A argumentação das organizações é de que a União Europeia não levou em conta o impacto ambiental do acordo. No comunicado das ONGs se lê que “a Comissão Europeia não respeitou sua obrigação legal de garantir que este acordo não implique degradação social, econômica e ambiental ou violações de direitos humanos”. As entidades pedem que, após realizado um relatório da avaliação do impacto do acordo, seja feita uma consulta à sociedade civil sobre as conclusões e recomendações.

- Esta semana, o presidente Trump esqueceu um pouco a China e está focado em atacar a Alemanha. Desde o começo da semana vem dizendo que a Alemanha não investe na OTAN e que vai reduzir o contingente militar dos EUA no país europeu. Tropas militares estadunidenses estão na Alemanha desde o final da Segunda Guerra Mundial, há uma confusão de números, mas presume-se que há entre 35 mil a 50 mil oficiais militares dos EUA no país. No seu tom chantagista já conhecido, Trump disse que vai retirar cerca de 10 mil militares mas que eles poderão voltar caso o governo alemão invista mais na sua área de defesa. Segundo Trump, os alemães “não gastam suficiente” com defesa. Ele está se referindo ao fato da Alemanha não seguir a recomendação para os integrantes da OTAN de gastar 2% do seu PIB no setor da Defesa. Em 2019 a Alemanha gastou um 1,38% do seu PIB neste setor (dados de reportagem do O Globo). Outro ataque reiterado à Alemanha e deste já falei muitas vezes aqui nestas notas, é quanto a oposição de Trump à construção do gasoduto Nord Stream 2 entre a Rússia e a Alemanha. Os EUA apertaram ainda mais as sanções econômicas às empresas envolvidas na construção. O trabalho final de construção do gasoduto está parado desde dezembro na região da Dinamarca, segundo a DEA (Denmark’s Energy Agency), quando embarcações com âncoras de uma empresa suíço-alemã foi impedida de finalizar cerca de 120 km do oleoduto nas águas dinamarquesas. O aperto dos ataques de Trump a Merkel ocorre em momento em que ele precisa de inimigos externos para mostrar seu poderio para seu público interno. Ele também se irritou com a recusa da chanceler de participar de uma reunião presencial da cúpula do G7. Os EUA estão na presidência do bloco e Trump insiste que a reunião seja presencial, inicialmente junho e agora marcada para o segundo semestre sem data precisa. Merkel disse que não participaria presencialmente por conta da pandemia.

- A luta contra o coronavirus parece ter dado um passo importante esta semana com a descoberta de um medicamento eficaz para os casos mais graves da doença. Segundo o presidente da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, trata-se do primeiro tratamento que comprovadamente reduz a mortalidade em pacientes que apenas conseguem respirar com o uso de respiradores. O medicamento é a dexametasona, um corticoide usado para combater inflamações e promover imunossupressão há 60 anos. Utilizado para artrite reumatóide, alergias, asma e outras enfermidades inflamatórias ou que necessitam de diminuir a super-reação imunológica do organismo (alergias, por exemplo). Amplamente utilizado na medicina há décadas, é considerado seguro quando adotado na dose correta e por um tempo determinado. A descoberta da eficácia da dexametasona para o tratamento dos pacientes graves da Covid19 foi feita por pesquisadores da Universidade de Oxford, em conjunto com o governo britânico e hospitais do Reino Unido. Além dos pacientes que se submeteram ao tratamento. Segundo o secretário de saúde do NHS (sistema público de saúde do RU) o medicamento será incluído no protocolo de tratamento padrão da covid-19. Com o uso do remédio, até um terço dos pacientes britânicos com covid-19 que estavam usando respiradores deixaram de morrer.

- A pandemia do coronavírus começa a ganhar mais proeminência na África. Pelos dados da OMS, em uma semana, o número de novos casos e mortes aumentou em 25%, passando de 201 mil mortos para quase 260 mil. As mortes passaram de 5400 para quase 7 mil. Os países que lideram em número de casos e mortes são ainda África do Sul, Egito, Nigéria e Argélia, como já havia reportado aqui nestas notas. Outra preocupação que se agrava no continente é quanto à segurança alimentar, em especial na África Subsariana. O número de pessoas que passam fome na região pode chegar a 250 milhões, em alguns países a mais de 70% da população. Isso se deve não só ao coronavírus, mas às pragas de gafanhotos, as secas, os ciclones Idai e Kenneth.

- Nos EUA seguem os protestos anti racistas enquanto o país entra em um profundo debate sobre uma reforma do sistema policial. O presidente Trump acabou de assinar uma ordem executiva para “práticas melhores” nas polícias. Ao assinar, disse que é fortemente contrário à dissolução dos departamentos de polícia. Nos estados discutem-se medidas mais duras, inclusive sobre o fim da polícia, em alguns deles. No congresso, republicanos e democratas também estão discutindo reformas, inclusive com duras críticas à proposta de Trump que não responde aos clamores das ruas. Uma das lideranças da Anistia Internacional nos EUA, Kristina Roth, disse que proposta de Trump é como colocar um band-aid sobre um corpo alvejado por balas.







 Notas internacionais (por Ana Prestes) – 16/06/20

- O mundo já possui 8 milhões de infectados registrados pelo novo coronavírus, destes, 25% estão nos EUA, o Brasil vem em segundo lugar. O número de mortes está próximo de 450 mil. A China, que sofreu o primeiro surto de infecções pelo vírus, volta a registrar casos. Na capital Pequim já são pelo menos 30 áreas residenciais em quarentena e os casos de contaminados estão aumentando gradativamente nos últimos dias. Foram mais de 100 infectados nos últimos 5 dias, alguns vieram do exterior. Ontem comentei aqui nas notas sobre o mercado Xinfadi, um dos maiores de toda a Ásia, que precisou ser fechado. Hoje há notícias de que outros também foram fechados. Vários tipos de transporte foram suspensos. Até mesmo um dos países de maior sucesso de combate ao vírus, a Nova Zelândia, voltou a registrar casos. Duas mulheres que voaram de Londres para ver o pai que estava morrendo e deram positivo para o coronavirus. Para poder ver o pai, elas foram autorizadas a viajarem internamente no país, antes de cumprir a quarentena obrigatória para todos que chegam de fora. A Nova Zelândia não registrava nenhum caso há três semanas e todos os contaminados estavam curados.

- O presidente Putin, da Rússia, criticou ontem (15) a forma como Trump vem enfrentando a pandemia nos EUA. Com mais de 500 mil casos de infectados, a Rússia é o terceiro país hoje no ranking da pandemia, atrás dos EUA e do Brasil. Morreram quase 7 mil pessoas de Covid-19 no país até o momento. Nas palavras de Putin, em entrevista à TV Estatal, “estamos trabalhando com tranquilidade e nos recuperando dessa situação do coronavírus com confiança e com perdas mínimas... Mas nos Estados Unidos isso não está acontecendo”. O presidente russo ainda disse: “não consigo imaginar alguém do governo (russo) ou das administrações regionais dizendo que não fará o que o governo ou o presidente dizem para fazer (...) Parece-me que o problema (nos EUA) é que os interesses político-partidários são colocados acima dos interesses da sociedade como um todo, acima dos interesses do povo”.

- As últimas horas foram de tensão entre as duas Coreias. Um escritório de conversações, estabelecido nas últimas tentativas de reaproximação dos dois países em 2018, localizado em região de fronteira, na cidade de Kaesong, foi implodido. Há notícias de que um grupo provocador espalhou panfletos apócrifos como se a Coreia do Sul estivesse ofendendo a Coreia do Norte.

- A fronteira da Índia com a China também está sob tensão nos últimos dias. É o primeiro conflito armado entre os dois países desde 1975. Aconteceu na região do Himalaya, em Ladakh. Há semanas a tensão está aumentando na região, que possui uma fronteira de 3500 quilômetros e nunca foi demarcada com precisão. Soldados de ambos os lados, mas especialmente indianos, reportam desrespeito das linhas demarcadas pelos oficiais dos dois países.

- O diretor de emergências da OMS, Michael Ryan, disse ontem (15) que a organização vai discutir essa semana se prossegue com os estudos clínicos sobre os efeitos da cloroquina e da hidroxicloroquina no tratamento da Covid-19. O anúncio foi feito no mesmo dia em que os EUA, via FDA (Anvisa deles), anunciaram a suspensão da autorização emergencial do uso do medicamento para pacientes infectados com o coronavírus. Segundo a agência governamental, com base nas evidências científicas disponíveis, não é razoável acreditar que o produto possa ser efetivo para tratar ou prevenir a Covid-19. O vai e vem com os testes da cloroquina é uma verdadeira novela dentro da pandemia. Foi nesse contexto que também ontem (15), perguntado por uma jornalista brasileira, Raquel Krahenbuhl, se continuaria enviando milhões de cápsulas dos medicamentos para o Brasil, que Trump respondeu: “sim, eu não posso reclamar, eu tomei por duas semanas e ainda estou aqui”. E ainda completou, “muita gente me diz que isso pode salvar vidas”, mostrando desconhecer a decisão da FDA.

- A Suécia ficou mesmo como o patinho feio entre os países nórdicos quando se trata de coronavírus. Dinamarca, Finlândia e Noruega se recusaram a autorizar a entrada de viajantes vindos do país vizinho onde a taxa de contaminação pelo vírus é bastante superior à desses países. Ao longo da pandemia, desde março, a Suécia não fechou suas fronteiras e optou por não estabelecer quarentena para sua população. A estratégia era deixar o vírus circular até este perder força naturalmente. Mas rapidamente o país passou a liderar o ranking de número de mortos e chegou a registrar até 48 óbitos a cada 100 mil habitantes.

- A Suprema Corte dos EUA decidiu ontem (15), por seis votos a três, que homossexuais e transgêneros não podem sofrer discriminação no ambiente de trabalho por causa de sua orientação sexual ou identidade de gênero. A decisão é a mais importante para a comunidade LGBT dos EUA desde a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo em 2015.

- Na Colômbia, um escândalo envolvendo a vice-presidente fez com que o presidente Ivan Duque e o ex-presidente Alvaro Uribe tivessem que se pronunciar. Ambos a defenderam. Foi revelado que a vice-presidente do país, Marta Lucía Ramírez, esteve envolvida e acobertou o irmão, Bernardo Ramírez Blanco, condenado por narcotráfico nos EUA. Em uma entrevista publicada ontem (15) no jornal El Tiempo, Marta disse que o presidente Ivan Duque “não sabia de nada”. A vice-presidente já foi Ministra da Defesa na gestão de Álvaro Uribe e responsável por zonas francas em várias regiões do país. Senadores da oposição, como Gustavo Petro, que rivalizou com Duque nas últimas eleições presidenciais, estão pedindo a renúncia da vice-presidente. Há rumores inclusive de que ela possa ser enviada para ser embaixadora do país nos EUA (providencial, não?).

- O Mercosul, que está sob presidência paraguaia, vai realizar pela primeira vez em sua história uma cúpula presidencial a distância. A Reunião Ordinária do Conselho do Mercado Comum (CMC) e a Cúpula dos Presidentes do MERCOSUL e Estados Associados, assim como as reuniões dos órgãos decisórios do bloco vão ocorrer entre 29 de junho e 2 de julho por vídeo conferências. O encontro marcará o fim da presidência do Paraguai. O Alto Representante da União Europeia para Assuntos Exteriores, Josep Borrell, também está convidado.

- Na Bolívia, no último domingo, cerca de 200 policiais foram mobilizados para cercar e invadir a residência do Embaixador do México em La Paz. Os policiais, segundo o jornalista Freddy Morales, da TeleSur, foram posicionados de forma provocadora, armados, acompanhados de cachorros e portando equipamentos de dispersão anti-motim. Após uma tentativa de entrada no prédio, foram demovidos quando as autoridades mexicanas reagiram e fizeram contato direto com a presidente de fato Añez. Dentro do edifício encontram-se dirigentes do MAS que estão exilados e sem autorização do governo golpista para deixar o país.

- O chanceler uruguaio, Ernesto Talvi, deixará o cargo que ocupa há apenas três meses, desde a posse de Lacalle Pou. A diferença entre ele e o governo de Pou é quanto à designação da Venezuela como uma “ditadura”. Segundo ele, deveria ser usada uma “linguagem respeitosa” em relação ao país. Seus comentários sobre a Venezuela geraram tensão no interior da coalizão de direita pela qual Lacalle Pou se elegeu.

- No México, quase 100 milhões de pessoas podem ficar na faixa da pobreza como efeito da pandemia pelo novo coronavírus. Os dados são da EQUIDE (Instituto de Investigaciones para el Desarrollo con Equidad) da Universidade Iberoamericana da Cidade do México. Cerca de 76,2% dos lares podem ser afetados com desemprego, perda de renda e insegurança alimentar. Segundo a pesquisa, 1 a cada 3 lares teve uma redução de mais de 50% de sua renda.

- O presidente mexicano, López Obrador, anunciou ontem (15) em uma conferência de imprensa em Xalapa, no estado de Veracruz, que no caso de receber uma solicitação formal por parte da Venezuela para compra de combustível do México, o fará sem levar em consideração o embargo econômico imposto ao país por parte dos EUA. “México é um país independente, soberano, tomamos nossas próprias decisões e não nos metemos com as políticas de outros países”, disse AMLO.





Notas internacionais (por Ana Prestes) – 15/06/20

- Mesmo em meio aos maiores protestos anti racistas dos EUA desde os anos 60 do século passado, mais um negro foi assassinado por um policial branco na última sexta-feira (12) em Atlanta. Rayshard Brooks, de 27 anos, foi duplamente baleado pelas costas no estacionamento de uma lanchonete (incendiada horas depois por manifestantes). Segundo a polícia de Atlanta e os vídeos das câmeras do local, ele teria sido abordado por estar dormindo dentro do carro e submetido ao teste de bafômetro foi identificado que estava alcoolizado. Os policiais então tentaram algemá-lo, quando ele lutou, correu e recebeu os disparos pelas costas. É muito improvável que um branco na mesma situação de Brooks fosse abordado e alvejado assim. O policial foi demitido imediatamente e a chefe da polícia no local pediu demissão enquanto os protestos avançavam por toda Atlanta. Já começou uma campanha para que o policial seja acusado de assassinato e cumpra pena por isso. É raro nos EUA que policiais nesta situação sejam punidos severamente. No 20º. dia seguido de protestos, o assassinato em Atlanta aumentou a revolta de quem vem se mobilizando contra a violência policial racista. Brooks deixou esposa e três filhas, com 1, 2 e 8 anos de idade, além de um enteado de 13.

- A China entrou em alerta no final de semana pelo risco de um novo surto provocado pelo coronavírus, desta vez na província de Liaoning, próxima a Pequim, no nordeste do país. As novas infecções estão ligadas a um mercado de alimentos de Pequim, segundo a imprensa internacional. Quase todas as pessoas infectadas estiveram no mercado (ou em contato com alguém que esteve) de Xinfadi, considerado o maior mercado de alimentos de toda a Ásia. Em entrevista coletiva dada ontem (14), o porta-voz do governo de Pequim, Xu Hejian disse que “Pequim entrou em um período extraordinário”. O mercado foi fechado e todo o distrito onde está localizado recebeu o status de “estado de emergência de guerra”. Além de Liaoning, outras 10 cidades próximas estão em estado de alerta.

- Desde o final da semana passada, começou no Brasil uma ofensiva contra o 5G da Huawei. A pressão dos americanos tem surtido efeito e o governo Bolsonaro vai alinhando seu discurso pró EUA com relação à instalação da tecnologia 5G no país. Na quinta (11), Bolsonaro disse que o leilão do 5G no Brasil vai levar em conta “soberania, segurança dos dados e política externa”. Sua fala foi embasada por uma nota técnica do Itamaraty, preparada por Ernesto Araújo e General Heleno que contraria os técnicos que vinham trabalhando com esta matéria no Ministério da Ciência e Tecnologia. No documento de Araújo, segundo reportagem da FSP que teve acesso ao texto, não há evidências técnicas de possíveis falhas de segurança dos equipamentos da Huawei que pudessem facilitar ataques de hackers ou roubos de dados pela fabricante. Araújo ainda justifica o rechaço à China em tons de chantagem. Diz que EUA, Brasil e Austrália são os maiores fornecedores de matérias primas e alimentos para a China e que ela teria que “continuar comprando” desses países, mesmo que eles vetem a Huawei. Em outra frente, sobre o mesmo tema, o governo dos EUA já discutem com o governo e empresas brasileiras o financiamento para compra de equipamentos da Ericsson e da Noquia para a montagem de uma infraestrutura do 5G. O embaixador dos EUA no Brasil, Todd Chapman, tem se referido ao tema como algo de interesse da segurança nacional do seu país. O financiamento seria pelo International Development Finance Corporation, uma banco de fomento criado por Trump em 2018, como rival do Banco do Brics e do Banco de Desenvolvimento da China que ampara o Cinturão e Rota da China.

- A Comissão Europeia está incentivando todos os países membros da UE a colocarem fim aos controles de fronteira e permitirem a livre circulação a partir de 15 de junho (hoje). Nas palavras da comissária para o interior, Ylva Johansson, “recomendamos que as fronteiras internas sejam abertas o mais rápido possível”. A covid-19 causou mais de 170 mil mortes na UE e levou a um bloqueio da circulação interna de forma inédita no bloco. A reabertura foi endossada pelo Centro Europeu de Controle de Doenças (ECDC). Segundo um informe da organização, “nos últimos 14 dias, salvo em algumas regiões, a EU registrou menos de 100 novas infecções para cada 100 mil habitantes”. Alguns países, como a Espanha, estão resistentes à abertura. Para viajantes de fora da UE, como do Brasil, a entrada ainda não será permitida, a não ser que o país de origem esteja em situação epidemiológica igual ou melhor que a do continente, com capacidade de implementar medidas como o distanciamento seguro e outras formas de evitar contágio no trajeto, além da reciprocidade, ou seja, permitir a livre entrada dos passageiros europeus.

- O Superior Tribunal de Justiça da Venezuela (TSJ) anunciou na última sexta (12) a designação dos cinco membros do novo Conselho Nacional Eleitoral (CNE). Pela constituição venezuelana, o CNE deve ser designado pela Assembleia Nacional, mas como há uma contenda entre governo e oposição sobre a validade das resoluções aprovadas na Assembleia, a designação foi feita pelo TSJ. Segundo o calendário eleitoral da Venezuela, este ano estão previstas eleições parlamentares. As últimas eleições foram em 2015. Apesar do principal (em termos de exposição midiática e internacional) opositor de Maduro, Juan Guaidó, não reconhecer a designação do TSJ, partidos de oposição solicitaram ao tribunal a declaração de “omissão legislativa” por parte da Assembleia Nacional para designar os membros do CNE.

- O Líbano voltou a ter fortes protestos de rua. Iniciados em outubro do ano passado, os manifestantes estiveram imobilizados pela pandemia até agora, mas retornaram com força. As mobilizações pedem eleições antecipadas, direitos humanos básicos e melhores condições de vida. Em 2019, os protestos culminaram com a demissão do então primeiro ministro Saad Hariri. Em janeiro assumiu um novo premiê, Hassan Diab. Desde outubro, a moeda local, libra libanesa, já perdeu 70% de seu valor perante o dólar, a inflação está disparada e o desemprego está na casa dos 35%. No Líbano há uma divisão de poderes entre o primeiro ministro, o presidente da república e o líder do parlamento que obedece a uma divisão por forças político-religiosas. O premiê é sunita. O presidente é cristão-maronita. O chefe do parlamento é xiita. O país é formado por uma maioria muçulmana, cerca de 60% e uma minoria cristã, cerca de 40%.

- A presidente de fato da Bolívia, Jeanine Añez, continua tentando adiar as eleições presidenciais do país. Na última sexta (12) ela decidiu não promulgar a lei aprovada pelo Congresso boliviano e que estabelece uma nova data para o pleito. Pediu ainda ao congresso que prove epidemiologicamente que é seguro fazer eleições em 6 de setembro. No fundo, está criando pretextos para adiar as eleições. O confronto tem se dado entre Añez e a presidente do Senado, Eva Copa, parlamentar do MAS, partido do ex-presidente Evo Morales. Neste momento,há dez candidatos presidenciais e Luis Arce, do MAS, lidera as pesquisas de intenção de votos. Enquanto a Bolívia vive esse cenário de incerteza e violência contra opositores ao governo golpista de Añez, cresce na imprensa internacional a divulgação de que o relatório da OEA que apontava como fraudulenta a eleição que reelegeu Evo está cheio de irregularidades. Artigo do NYT sugere de forma contundente que é “impossível garantir a integridade dos  dados e certificar a precisão”, referindo-se ao relatório da OEA. A matéria do NYT, replicada no Brasil pelo The Intercept Brasil, se apoia em um estudo realizado por pesquisadores de universidades norte-americanas que se baseou nos dados apresentados pela OEA e afirmou que é impossível “replicar as conclusões da OEA usando suas provas técnicas” e que “a diferença é significativa”. Em resumo: os dados apresentados pela OEA para provar uma suposta fraude, quando re-analisados, não levam à mesma conclusão.

- Circula pelo mundo uma petição para que seja outorgado às brigada médicas internacionais cubanas.



*Notas internacionais (por Ana Prestes) – 03/06/20*

- O Brasil já possui mais de 30 mil mortes por Covid-19. No começo de maio havia aproximadamente 6 mil mortes. Em um mês foi multiplicado por cinco o número de vítimas. Em número de infectados já passamos de meio milhão. *Em número de casos somos o segundo maior do mundo*, atrás apenas dos EUA. Em número de mortes só ficamos atrás dos EUA, Reino Unido e Itália. Nossa curva está na ascendente. Podemos chegar ao posto de país mais afetado. *Única conquista internacional possível ao governo Bolsonaro*.

- O Brasil vem perdendo rios de dólares de investidores estrangeiros. A informação está no Financial Times e foi replicada pelo Meio. *De fevereiro a maio já saíram 11,8 bilhões de dólares da Bolsa* e entre fevereiro e abril, 18,7 bilhões do mercado de títulos. A taxa de saída é o dobro da verificada em 2008, durante a crise econômica mundial. Pandemia combinada com crise política diferencia o Brasil de outros países considerados “emergentes” e que não estão perdendo tantos investimentos externos.

- Os protestos antirracistas iniciados nos EUA no último dia 26 de maio, após o assassinato de George Floyd por um policial branco, sufocado até a morte em Minneapolis, seguem intensos e ontem (2) foram bastante fortes na Europa. Em especial na França. As ruas de Paris foram tomadas por milhares de pessoas que infringiram as determinações da quarentena. A França foi um dos países mais afetados pelo coronavírus na Europa e não estão permitidas concentrações de mais de 10 pessoas. O protesto foi convocado para frente do Tribunal de Paris. Para além da alusão ao assassinato de Floyd, os *franceses que protestaram denunciaram a morte de Adama Traoré*, um homem negro de 24 anos que morreu em 2016 em uma delegacia de Paris duas horas após ser preso. Segundo sua família, ele foi violentamente agredido no momento da prisão. Aliás, o protesto de ontem foi organizado e chamado por um comitê de apoio à família de Adama. A irmã de Adama, Assa Traoré, disse à Rádio França Internacional: “hoje não é apenas o combate da família Traoré, é o combate de todos vocês. Hoje, quando lutamos por George Floyd, lutamos por Adama Traoré”. Na verdade, a ocorrência do protesto no mesmo momento em que se dão os protestos nos EUA foi uma coincidência que fortaleceu o ato, pois a família de Traoré já estava mobilizando ativistas desde a semana passada quando saiu uma *perícia do caso que descartava a responsabilidade dos policiais franceses e uma perícia independente soltou seus resultados apontando que ele recebeu socos na barriga na hora da prisão*. (infos da RFI e da AFP)

- E enquanto os protestos seguem fortes nos EUA, assim como sua repressão violenta que aumenta a cada dia, o *Papa Francisco também se pronunciou*. Nesta manhã (3) ele disse: “caros irmãos e irmãs dos EUA, sigo com grande preocupação as dolorosas desordens sociais que estão ocorrendo emsua nação nesses dias após a trágica morte do senhor George Floyd”. O que o Papa chama de “desordens sociais” na verdade são marchas e mobilizações permanentes em sua grande maioria pacífica, mas que também conta com grupos que fazem depredações e saques como forma de se manifestar. Várias cidades estão com toque de recolher e ostensiva presença de forças de segurança. *Até mesmo a guarda nacional de fronteira, famosa por sua brutalidade contra os migrantes, está sendo mobilizada por Trump, como denunciou a deputada democrata por NY, Ocasio Cortez*. As informações de ontem (2) eram de que o Pentágono havia mobilizado cerca de 1600 soldados para postos militares na área de Washington. Em uma de suas demonstrações de força, o governo colocou um helicóptero para sobrevoar com proximidade um grupo de manifestantes na capital na noite de segunda (1). Manifestações foram fortes ontem em Houston, Los Angeles, Washington, Nova Iorque, Minneapolis e diversas outras cidades por todo o país.

- E sobre os protestos antirracistas nos EUA e a violenta repressão das forças policiais e ameaças de Trump de usar a Guarda Nacional e as Forças Armadas, a *China se manifestou* através do porta-voz de seu ministério das Relações Exteriores, Lijian Zhao. Ele questionou: *“por que os EUA glorificam as ditas forças pró-independencia de Hong Kong como heroicas, mas chamam manifestantes desapontados com o racismo no seu país de arruaceiros?”*. O questionamento veio após uma decisão americana de limitar a entrada de cidadãos chineses no país e encerrar benefícios comerciais a Hong Kong em retaliação à nova Lei de Segurança Nacional da China em relação a Hong Kong aprovada pelo parlamento chinês no último 27 de maio.

- *Venceu ontem (2) mais um prazo para pagamento de parcela da dívida argentina e deve haver nova extensão do prazo*. Há elementos de que um acordo está se consolidando entre credores e governo. O montante em questão é da ordem de 68 bilhões de dólares. O debate no momento é sobre a taxa de juros a ser empregada, a Casa Rosada quer 3% e os credores topam 4,2%. Está em negociação também o período de congelamento do pagamento pedido pelo governo argentino, se de três ou dois anos. É bom lembrar que quando falamos “credores” trata-se de um grupo heterogêneo, amplo, complexo e com interesses diversos. A Argentina está em default desde 22 de maio, o que impacta nas suas possibilidades de participação no mercado internacional de créditos. Bom lembrar também que esta dívida em negociação não é a dívida do empréstimo de Macri como FMI (57 bilhões de dólares, com 44 bilhões já liberados). Esta outra dívida será negociada na sequencia. *Macri não deixou poucos problemas para Fernández.*

- Em franca provocação com Merkel e outras lideranças do *G7 (Alemanha, Canadá, EUA, França, Itália, Reino Unido e Japão), Trump está fazendo anúncios de modificações para a próxima reunião da qual o país será sede*. Disse que quer ver o Fórum ampliado e atualizado. Afirmou recentemente, sem citar o Brasil, que a Rússia deve voltar ao grupo e que vai convidar Austrália, Coreia do Sul e Índia para participarem. Disse também que vai colocar a China no centro do debate. Ontem (2) Bolsonaro disse que o Brasil também está convidado para o G7 “expandido”. A princípio a reunião seria em junho, mas pela pandemia foi adiada e deve ocorrer em alguma data entre setembro e novembro.

- Sobre o convite à Rússia para participar do G7, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que o presidente *Putin é defensor do diálogo emtodas as direções, mas que precisa receber mais informações para responder ao convite*. Segundo o Kremlin, Moscou precisa saber o que estará na agenda do encontro e qual será o formato da mesma. A Rússia foi vetada no antigo G8 em 2014 quando houve o referendo popular para reincorporação da Crimeia no país, anteriormente vinculada à Ucrânia. A região da Criméia é fonte de permanente tensão entre a Rússia e a Ucrânia.

- O governo da *Suécia começa a dar sinais de admissão de falhas na condução da resposta local ao novo coronavírus*. O epidemiologista Anders Tegnell, especialista responsável pela estratégia suéca de enfrentamento da pandemia, deu uma entrevista a uma rádio suéca que está repercutindo bastante. Ele diz: “se estivéssemos diande da mesma doença, com o mesmo conhecimento que temos hoje, acho que a nossa resposta seria alguma coisa entre o que a Suécia fez e o que o resto do mundo fez” e complementou, “claramente, há potencial de melhoria no que fizemos na Suécia”. Desde o início da crise, a Suécia apelou para a responsabilidade individual de proteger seus familiares e pessoas mais vulneráveis e fez poucas restrições à mobilidade de seus cidadãos. Apear de universidades fechadas e lares de idosos com visitas proibidas, escolas, restaurantes e comércio ficaram abertos. A taxa de mortes por 100 mil habitantes na Suécia é de 43,3, segundo a Johns Hopkins University. Nos países vizinhos da Dinamarca é de 9,9, na Finlândia é de 5,8 e na Noruega é de 4,4. E mesmo tendo adotado medidas frouxas para o “bem da economia”, a Suécia pode ter uma queda em 7% de seu PIB segundo a ministra das Finanças, Magdalena Andersson. (com infos da DW)

- A *missão da ONU na Líbia (UNSMIL) informou no começo desta semana que um plano de conversações entre as partes conflitantes está avançando*. Desde abril de 2019 um Exército de Libertação Nacional da Líbia liderado por Khalifa Haftar tenta tomar a capital Trípoli, hoje comandada pela GNA (Governo do Acordo Nacional) que é o governo reconhecido pela ONU. A situação é bastante complexa e a região acabou se transformando em área de disputa entre a Turquia de um lado e Rússia, Egito e Emirados Árabes do outro, apoiando Haftar.










*Notas internacionais (por Ana Prestes) – 04/06/20*

- *Brasil já é o terceiro país do mundo em mortes por Covid19*. A “gripezinha”, assim denominada pelo presidente Bolsonaro, já mata uma pessoa por minuto no Brasil. Mais de 34 mil pessoas perderam sua vida para o vírus. Pode passar o Reino Unido que possui perto de 40 mil mortes e se nada for feito para mudar o curso da doença no Brasil, podemos passar os EUA que teve 107 mil vidas perdidas até agora na pandemia.

- A *noite de ontem (4) foi a 10ª. de protestos anti racistas nos EUA*. Ao longo desse período, mais de *9 mil pessoas já foram presas*. Nos últimos dias houve um relativo arrefecimento das medidas repressivas policiais. Apesar de uma maior militarização de Washington e vários episódios com registros em imagens e vídeo de policiais agredindo violentamente manifestantes e mesmo transeuntes, como a agressão divulgada ontem de um senhor de idade em Nova Iorque. Parte da calmaria pode ser explicada por uma pesquisa da Reuters/Ipsos que aferiu que 64% dos norte-americanos têm simpatia pelos protestos, contra 27% que diz não concordar e 9% que não opinam. A mesma pesquisa mostra que 55% dos norte-americanos reprova a condução de Trump ao lidar com os protestos, sendo que 40% reprovam “fortemente” e um terço apoia as medidas do presidente. Cenas de policiais abraçando manifestantes ou tentando resolver “na conversa” circulam pelas redes. Não raro, no entanto, há outras tantas imagens de abuso da força contra as e os ativistas. Pela primeira vez o ex-presidente Obama se pronunciou sobre a onda de manifestações. Em suas palavras, “para aqueles que falam sobre protestos, apenas lembrem que este país foi fundado por um protesto – nós o chamamos Revolução Americana”. Prosseguiu dizendo que todas as conquistas dos americanos são provenientes do esforço de tornar “desconfortável o status quo”. A liderança de Obama é controversa e divide opiniões no movimento negro organizado dos EUA, mas o fato de ter sido o único presidente negro dos EUA faz com que suas palavras tenham muito eco neste momento. E a promotoria de Minnesota ampliou a acusação contra o ex-policial Derek Chauvin que asfixiou George Floyd. Foi acrescida a acusação de homicídio doloso. O agente policial pode pegar até 40 anos de prisão. Os três policiais que o acompanhavam também foram formalmente acusados de incentivarem e serem cúmplices da violência de Derek.

- E *começou ontem (4) o funeral de George Floyd*, o homem negro assassinado por um policial (agora ex-policial) na cidade de Minneapolis, nos EUA no passado mês de maio e que desencadeou uma onda de protestos que entra hoje em 11º. dia. Centenas de pessoas estiveram ontem em uma capela em Minneapolis onde o reverendo Al Sharpton iniciou as homenagens que devem durar dias. Em um dos trechos da pregação de Sarpton ele diz: “porque há 401 anos nós não podemos ser quem desejamos e sonhamos é que vocês mantém seu joelho em nosso pescoço”.

- E aconteceu ontem (4) a Global Vaccine Summit (*Cúpula Global de Vacinas*). Foi organizada pelo governo do Reino Unido e reuniu representantes de 50 países. Chefes de Estado de pelo menos 35 destes países participaram pessoalmente da videoconferência e o evento arrecadou 7,4 bilhões de dólares que serão destinados a um fundo para aplicação de vacinas em todo o mundo. Não se trata apenas de uma eventual vacina descoberta para o coronavírus, mas de vacinas básicas contra poliomielite, difteria e sarampo, por exemplo, que estão prejudicadas devido à pandemia. Um dos participantes da reunião, o primeiro ministro do Japão, Shinzo Abe, aproveitou o evento para dizer que os Jogos Olímpicos e Paralímpicos do Japão em 2021 serão a prova de que o mundo venceu a Covid 19. A primeira ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern disse que “este é o momento de encontrarmos uma solução global para a covid-19”. O evento mostra que um esforço de cooperação mundial é capaz de encontrar soluções para vários problemas da humanidade. Por que será que esse esforço não é feito para combater a fome, a miséria, a situação dos refugiados de guerra ou das mudanças climáticas? Em um mercado tão competitivo e de altos interesses comerciais como o farmacêutico, há sempre muitas dúvidas sobre o real destino de tantos recursos arrecadados.

- Em meio a toda esta mobilização em torno de vacinas para a Covid19 e a garantia da aplicação de vacinas já existentes em tempos de pandemia, emergiu o protagonismo de *Gavi – The Vaccine Alliance – fundada em 2000 pelo instituto de Bill Gates e sua esposa Melinda Gates, a Bill & Melinda Gates Foundation*. A organização, que possui sede física em Genebra, na Suíça e é uma PPP – parceria pública privada. Circulam notícias nos últimos dias de que a Gavi está em uma forte ofensiva para ganhar espaço em territórios nacionais neste setor tão sensível e carente que é o da proteção à saúde, como se vê nesta pandemia. Nas palavras de Bill Gates, em recente entrevista, “existe uma *plano para ter várias fábricas na Ásia, várias fábricas nas Américas, várias fábricas na Europa*, e se pudermos fazer de 1 a 2 bilhões de doses por ano (vacina contra a Covid), o problema de alocação não será super agudo”. O criador da Microsoft e um dos homens mais ricos do mundo não ia “investir em fábricas de vacina na África” simplesmente por altruísmo. A ver. 

- E está na coluna do Jamil Chade de ontem (4) e em vários veículos a notícia de que o *Parlamento da Holanda aprovou na quarta (3) uma moção contra o acordo comercial negociado entre Mercosul e União Europeia*. Um dos argumentos mais utilizados pelos  parlamentares que rechaçaram o acordo foi a condução da política ambiental brasileira. Argumentos em geral contra o governo Bolsonaro estão ficando cada vez mais comuns na Europa. A deputada alemã Yasmin Fahimi, por exemplo, que preside o grupo parlamentar Alemanha – Brasil disse recentemente que “Bolsonaro representa um perigo para a democracia, para o Estado de Direito e para a existência permanente da floresta amazônica. Atualmente não vejo como é possível conciliar as políticas de Bolsonaro com as nossas exigências para o acordo UE-Mercosul nas áreas de desenvolvimento sustentável e direitos humanos”. Setores nacionais europeus que já eram contra o acordo por fatores protecionistas estão aproveitando o “ensejo” para barrar o acordo. São grupos que no fundo não estão preocupados com o desmatamento da Amazônia, mas se aproveitam dos absurdos do governo Bolsonaro para assegurarem o protecionismo. Na Bélgica também há muita resistência à ratificação do acordo e na Áustria o parlamento também aprovou moção de censura. Para que o acordo entre em vigor todos os parlamentos dos países signatários precisam ratificá-lo.

- E não são só os países europeus que colocam o Brasil como um destino “inadequado” para negócios. Saiu esta semana, nos EUA, uma recomendação do *Comitê de Assuntos Tributários da Câmara dos Deputados, para que o governo Trump não expanda seus laços econômicos com o Brasil* por seu histórico recente de desrespeito aos direitos humanos e ao meio ambiente. Em carta ao representante comercial dos EUA, Robert Lightihizer, os parlamentares dizem que o governo Bolsonaro demonstra “total desconsideração pelos direitos humanos básicos”.

- E os chineses reagiram a mais uma “interferência grosseira” como vem chamando a ofensiva dos EUA e do Reino Unido em relação à sua política para Hong Kong. Desta vez a *ingerência veio por parte de Boris Johnson ao propor que propôs à população de Hong Kong que venha morar no Reino Unido*. A proposta de Johnson é tão estapafúrdia que até mesmo os ativistas de Hong Kong a rejeitaram. Nas redes sociais, mesmo os críticos à nova legislação da China para a segurança nacional da ilha dizem que a proposta de Johnson é para que muitas pessoas saiam e Hong Kong quebre economicamente deixando vulnerável a população que restar.

- Um anúncio do Secretário Geral da ONU desta semana aponta que neste momento os *refugiados enfrentam três crises de uma vez*. A crise de saúde, com a exposição ao vírus em contextos de grandes aglomerações e seu acesso a cuidados básicos de saneamento e nutrição. A crise socioeconômica, especialmente para os que trabalham no setor informal. E a crise de proteção, com fortes restrições nas fronteiras e aumento da xenofobia, do racismo e da estigmatização. Some-se a isso uma quarta crise específica para mulheres e meninas, vítimas da violência de gênero, do abuso e da exploração.

- E um relatório da Organização Mundial do Turismo do sistema ONU aponta que *100% de todos os destinos em todo o mundo seguem com algum tipo de restrição de viagem devido ao coronavírus*. Desses, 75% ainda estão completamente fechados ao turismo internacional. Com isso, entre 100 e 120 milhões de empregos estão em risco.


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3/06/20*

- O Brasil já possui mais de 30 mil mortes por Covid-19. No começo de maio havia aproximadamente 6 mil mortes. Em um mês foi multiplicado por cinco o número de vítimas. Em número de infectados já passamos de meio milhão. *Em número de casos somos o segundo maior do mundo*, atrás apenas dos EUA. Em número de mortes só ficamos atrás dos EUA, Reino Unido e Itália. Nossa curva está na ascendente. Podemos chegar ao posto de país mais afetado. *Única conquista internacional possível ao governo Bolsonaro*.

- O Brasil vem perdendo rios de dólares de investidores estrangeiros. A informação está no Financial Times e foi replicada pelo Meio. *De fevereiro a maio já saíram 11,8 bilhões de dólares da Bolsa* e entre fevereiro e abril, 18,7 bilhões do mercado de títulos. A taxa de saída é o dobro da verificada em 2008, durante a crise econômica mundial. Pandemia combinada com crise política diferencia o Brasil de outros países considerados “emergentes” e que não estão perdendo tantos investimentos externos.

- Os protestos antirracistas iniciados nos EUA no último dia 26 de maio, após o assassinato de George Floyd por um policial branco, sufocado até a morte em Minneapolis, seguem intensos e ontem (2) foram bastante fortes na Europa. Em especial na França. As ruas de Paris foram tomadas por milhares de pessoas que infringiram as determinações da quarentena. A França foi um dos países mais afetados pelo coronavírus na Europa e não estão permitidas concentrações de mais de 10 pessoas. O protesto foi convocado para frente do Tribunal de Paris. Para além da alusão ao assassinato de Floyd, os *franceses que protestaram denunciaram a morte de Adama Traoré*, um homem negro de 24 anos que morreu em 2016 em uma delegacia de Paris duas horas após ser preso. Segundo sua família, ele foi violentamente agredido no momento da prisão. Aliás, o protesto de ontem foi organizado e chamado por um comitê de apoio à família de Adama. A irmã de Adama, Assa Traoré, disse à Rádio França Internacional: “hoje não é apenas o combate da família Traoré, é o combate de todos vocês. Hoje, quando lutamos por George Floyd, lutamos por Adama Traoré”. Na verdade, a ocorrência do protesto no mesmo momento em que se dão os protestos nos EUA foi uma coincidência que fortaleceu o ato, pois a família de Traoré já estava mobilizando ativistas desde a semana passada quando saiu uma *perícia do caso que descartava a responsabilidade dos policiais franceses e uma perícia independente soltou seus resultados apontando que ele recebeu socos na barriga na hora da prisão*. (infos da RFI e da AFP)

- E enquanto os protestos seguem fortes nos EUA, assim como sua repressão violenta que aumenta a cada dia, o *Papa Francisco também se pronunciou*. Nesta manhã (3) ele disse: “caros irmãos e irmãs dos EUA, sigo com grande preocupação as dolorosas desordens sociais que estão ocorrendo emsua nação nesses dias após a trágica morte do senhor George Floyd”. O que o Papa chama de “desordens sociais” na verdade são marchas e mobilizações permanentes em sua grande maioria pacífica, mas que também conta com grupos que fazem depredações e saques como forma de se manifestar. Várias cidades estão com toque de recolher e ostensiva presença de forças de segurança. *Até mesmo a guarda nacional de fronteira, famosa por sua brutalidade contra os migrantes, está sendo mobilizada por Trump, como denunciou a deputada democrata por NY, Ocasio Cortez*. As informações de ontem (2) eram de que o Pentágono havia mobilizado cerca de 1600 soldados para postos militares na área de Washington. Em uma de suas demonstrações de força, o governo colocou um helicóptero para sobrevoar com proximidade um grupo de manifestantes na capital na noite de segunda (1). Manifestações foram fortes ontem em Houston, Los Angeles, Washington, Nova Iorque, Minneapolis e diversas outras cidades por todo o país.

- E sobre os protestos antirracistas nos EUA e a violenta repressão das forças policiais e ameaças de Trump de usar a Guarda Nacional e as Forças Armadas, a *China se manifestou* através do porta-voz de seu ministério das Relações Exteriores, Lijian Zhao. Ele questionou: *“por que os EUA glorificam as ditas forças pró-independencia de Hong Kong como heroicas, mas chamam manifestantes desapontados com o racismo no seu país de arruaceiros?”*. O questionamento veio após uma decisão americana de limitar a entrada de cidadãos chineses no país e encerrar benefícios comerciais a Hong Kong em retaliação à nova Lei de Segurança Nacional da China em relação a Hong Kong aprovada pelo parlamento chinês no último 27 de maio.


- *Venceu ontem (2) mais um prazo para pagamento de parcela da dívida argentina e deve haver nova extensão do prazo*. Há elementos de que um acordo está se consolidando entre credores e governo. O montante em questão é da ordem de 68 bilhões de dólares. O debate no momento é sobre a taxa de juros a ser empregada, a Casa Rosada quer 3% e os credores topam 4,2%. Está em negociação também o período de congelamento do pagamento pedido pelo governo argentino, se de três ou dois anos. É bom lembrar que quando falamos “credores” trata-se de um grupo heterogêneo, amplo, complexo e com interesses diversos. A Argentina está em default desde 22 de maio, o que impacta nas suas possibilidades de participação no mercado internacional de créditos. Bom lembrar também que esta dívida em negociação não é a dívida do empréstimo de Macri como FMI (57 bilhões de dólares, com 44 bilhões já liberados). Esta outra dívida será negociada na sequencia. *Macri não deixou poucos problemas para Fernández.*

- Em franca provocação com Merkel e outras lideranças do *G7 (Alemanha, Canadá, EUA, França, Itália, Reino Unido e Japão), Trump está fazendo anúncios de modificações para a próxima reunião da qual o país será sede*. Disse que quer ver o Fórum ampliado e atualizado. Afirmou recentemente, sem citar o Brasil, que a Rússia deve voltar ao grupo e que vai convidar Austrália, Coreia do Sul e Índia para participarem. Disse também que vai colocar a China no centro do debate. Ontem (2) Bolsonaro disse que o Brasil também está convidado para o G7 “expandido”. A princípio a reunião seria em junho, mas pela pandemia foi adiada e deve ocorrer em alguma data entre setembro e novembro.

- Sobre o convite à Rússia para participar do G7, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que o presidente *Putin é defensor do diálogo emtodas as direções, mas que precisa receber mais informações para responder ao convite*. Segundo o Kremlin, Moscou precisa saber o que estará na agenda do encontro e qual será o formato da mesma. A Rússia foi vetada no antigo G8 em 2014 quando houve o referendo popular para reincorporação da Crimeia no país, anteriormente vinculada à Ucrânia. A região da Criméia é fonte de permanente tensão entre a Rússia e a Ucrânia.

- O governo da *Suécia começa a dar sinais de admissão de falhas na condução da resposta local ao novo coronavírus*. O epidemiologista Anders Tegnell, especialista responsável pela estratégia suéca de enfrentamento da pandemia, deu uma entrevista a uma rádio suéca que está repercutindo bastante. Ele diz: “se estivéssemos diande da mesma doença, com o mesmo conhecimento que temos hoje, acho que a nossa resposta seria alguma coisa entre o que a Suécia fez e o que o resto do mundo fez” e complementou, “claramente, há potencial de melhoria no que fizemos na Suécia”. Desde o início da crise, a Suécia apelou para a responsabilidade individual de proteger seus familiares e pessoas mais vulneráveis e fez poucas restrições à mobilidade de seus cidadãos. Apear de universidades fechadas e lares de idosos com visitas proibidas, escolas, restaurantes e comércio ficaram abertos. A taxa de mortes por 100 mil habitantes na Suécia é de 43,3, segundo a Johns Hopkins University. Nos países vizinhos da Dinamarca é de 9,9, na Finlândia é de 5,8 e na Noruega é de 4,4. E mesmo tendo adotado medidas frouxas para o “bem da economia”, a Suécia pode ter uma queda em 7% de seu PIB segundo a ministra das Finanças, Magdalena Andersson. (com infos da DW)

- A *missão da ONU na Líbia (UNSMIL) informou no começo desta semana que um plano de conversações entre as partes conflitantes está avançando*. Desde abril de 2019 um Exército de Libertação Nacional da Líbia liderado por Khalifa Haftar tenta tomar a capital Trípoli, hoje comandada pela GNA (Governo do Acordo Nacional) que é o governo reconhecido pela ONU. A situação é bastante complexa e a região acabou se transformando em área de disputa entre a Turquia de um lado e Rússia, Egito e Emirados Árabes do outro, apoiando Haftar.

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